
Juíza da Comarca de Jaguarari foi xingada, vaiada, coagida e chamada de “safada” por militantes que exigiam anulação da cassação do ex-prefeito Everton Rocha (PSDB)

Foto: Minutoba
Na
tarde desta terça-feira, 30 de outubro de 2018, mais um episódio lamentável da
política de Jaguarari marcou o município. Após reverter liminarmente uma série de
3 (três) decisões a seu favor junto à presidência do TJ-BA, o ex-prefeito Everton
Carvalho Rocha (PSDB) e seus advogados deram entrevista na sua rádio local,
onde foi garantido à sua militância que o retorno ao posto de prefeito era 100%
certeza e que dependia apenas de uma decisão da Juíza da Comarca, Dra. Maria Luíza
Nogueira Cavalcanti Muritiba. Acontece que o ex-gestor não explicou claramente
para os seus seguidores, que a citada magistrada já havia negado uma liminar
referente a cassação oriunda da CPP 02/2018 e que dificilmente acataria a Ação Declaratória
de Nulidade, o que de fato veio a acontecer por volta das 14h42, enquanto o pretendente
ainda estava nas dependências da rádio, acompanhado por seus seguidores.
Cientes
do indeferimento, os militantes do ex-prefeito cercaram o Fórum local a espera
da Juíza. Ao perceberem a saída da Dra. Maria Luíza, começaram os gritos, vaias
e xingamentos. Mesmo com a presença da Polícia Militar, os seguidores do
alcaide não pararam com os insultos, que ecoavam como uma tentativa de coagir a
magistrada a recuar de sua decisão. Depois de vários minutos com o veículo
cercado de pessoas aos gritos, vaias e xingamentos, a doutora Juíza conseguiu
escapar pela contramão. Alguns metros, que a Dra. Maria Luíza saiu do tumulto,
um homem ainda não identificado chamou a autoridade máximo do Judiciário local
de “safada” e ainda fez menção a
dinheiro, numa clara insinuação de que a representante da Justiça supostamente teria
recebido vantagem financeira para indeferir o pedido do ex-prefeito.
Depois
de frustrada a tentativa de arrancar na “tora” uma decisão favorável ao retorno
à prefeitura, por parte de seus seguidores, o ex-prefeito fez um discurso na
porta de sua casa, situada na entrada da cidade. Lá Everton Rocha disse que a
Juíza “não quis se envolver” e afirmou: “Já ganhamos!” (mas como assim? Já tem
a plena certeza que o Tribunal de Justiça vai ser favorável a seu recurso, como
assim? É “carta marcada”?) e mais uma vez a sensação que ficou, nas palavras do
ex-prefeito foi a de que a Juíza estaria dificultando as coisas. Lamentável.
Salientamos
que a presidência do Tribunal de Justiça da Bahia já havia revogado a decisão
da Justiça de Jaguarari, em duas oportunidades; em uma delas, deferiu liminar
cancelando a decisão da Juíza local que anulara a Sessão da CPP 01/2017. Em
todas elas, o TJ-BA decidiu que não é papel do Judiciário intervir nas decisões
do Legislativo e que essa intervenção fere de morte a separação dos Poderes. E
agora, o TJ-BA vai, mais uma vez, contra a sua própria decisão? Por quais
motivos?
Vamos
aguardar o desenrolar dos próximos capítulos.
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